A escrita é uma das habilidades mais valorizadas na formação dos estudantes — e não apenas por sua presença nas avaliações externas. Saber escrever com clareza, coesão e adequação ao contexto é uma competência essencial para a vida acadêmica, profissional e cidadã.
Por isso, quando se trata de práticas avaliativas em larga escala e de preparação para o Enem e vestibulares, a atenção ao treino de redações em diferentes gêneros textuais se torna estratégica.
Neste artigo, vamos mostrar por que diversificar os gêneros trabalhados nas práticas de escrita é uma decisão pedagógica poderosa e como a gestão escolar pode liderar esse processo de forma intencional.
Por que trabalhar com múltiplos gêneros?
O foco exclusivo na dissertação argumentativa — gênero exigido na maioria dos exames, como o Enem — é compreensível, mas limita o desenvolvimento completo das competências linguísticas. Ao treinar diferentes gêneros textuais, os estudantes ampliam seu repertório, sua capacidade de análise e a habilidade de adaptar a linguagem às diversas situações comunicativas.
Entre os benefícios do trabalho com múltiplos gêneros, destacam-se:
- Desenvolvimento de estratégias discursivas variadas (narração, descrição, argumentação, instrução etc.)
- Apropriação das estruturas próprias de cada gênero
- Maior repertório linguístico e temático
- Fortalecimento da leitura crítica e da autoria
Além disso, estudantes que conhecem diversos gêneros tendem a desempenhar melhor mesmo na redação dissertativa, pois são capazes de enriquecer seus textos com recursos expressivos e estruturais mais sofisticados.
O papel da gestão escolar na valorização dos gêneros textuais
Cabe ao gestor educacional criar as condições para que o treino de diferentes gêneros seja incorporado ao cotidiano da escola, especialmente nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio.
1. Curadoria e intencionalidade no planejamento
A gestão, em parceria com a equipe pedagógica, pode organizar um plano anual que contemple diferentes gêneros textuais, respeitando o desenvolvimento progressivo das turmas e alinhando os temas à realidade dos estudantes.
É importante garantir que os gêneros sejam trabalhados de forma prática e contextualizada — não apenas como modelos fixos, mas como formas vivas de comunicação social.
2. Formação docente sobre diversidade textual
O trabalho com múltiplos gêneros exige que os professores tenham domínio teórico e didático sobre cada um deles, compreendendo suas características, finalidades e formas de correção.
A gestão pode promover momentos de estudo coletivo, análise de textos modelos e troca de práticas pedagógicas, ampliando o repertório da equipe.
3. Monitoramento e análise dos resultados
Ao implementar o estudo de gêneros variados, é essencial monitorar os resultados dos estudantes, identificar dificuldades recorrentes e ajustar o planejamento com base em dados concretos.
A gestão pode incentivar o uso de instrumentos como rubricas específicas por gênero, portfólios de produção textual e feedbacks individualizados.
4. Valorização da autoria e da expressão
O trabalho com diferentes gêneros favorece o desenvolvimento da identidade discursiva dos estudantes. O gestor pode estimular práticas de valorização da produção escrita, como feiras de textos, publicações internas e momentos de socialização entre turmas.
Escrever bem é escrever muito — e de muitos jeitos
A escrita se consolida na prática. Por isso, quanto mais variados forem os gêneros textuais trabalhados, mais preparados estarão os estudantes para enfrentar os desafios da vida escolar, das avaliações externas e, principalmente, da sociedade em que estão inseridos.
A gestão educacional tem papel central na organização, acompanhamento e valorização desse processo, contribuindo para a formação de sujeitos críticos, expressivos e protagonistas.
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